Sustentabilidade no Metaverso

Sustentabilidade no Metaverso? Como assim? Mesmo sendo virtual é necessário ser sustentável? A resposta é: sim!

Não é porque é um ambiente virtual, que não está poluindo o nosso planeta. Pra se ter uma ideia, o setor de TI hoje é responsável pela liberação do mesmo volume de gases na atmosfera que a indústria da aviação.

Para entrar no Metaverso e ter a experiência de forma plena, os usuários precisarão de dispositivos digitais, como óculos, por exemplo. Construi-los, fabrica-los e usa-los exigirá energia e muitos recursos naturais, como metais e minérios. Além disso, o número de servidores, o processamento de dados e a energia para manter tudo isso funcionando aumentam a cada dia, liberando mais gases na atmosfera.

Como o futuro é feito de escolhas tomadas hoje, ao serem planejadas as evoluções dos sistemas, é importante discutir responsabilidade e governança ambiental e social (ESG). Algumas empresas já estão se comprometendo a tomar medidas para reduzir o impacto com a expansão do Metaverso. Segundo Camila Yahn, em uma matéria para o FFW, o Google se comprometeu a operar com energia livre de carbono 24 horas por dia, 7 dias por semana em todos os seus datacenters até 2030. A Microsoft pretende ser “negativa em carbono” até 2030 e a Amazon Web Services (AWS) pretende alimentar suas operações com 100% de energia renovável até 2025.

Porém, apesar das críticas ao ambiente digital, Metaverso, NFTS e seu gasto de energia, quando pensamos na indústria da moda, tão poluente (92 milhões de toneladas de descarte por ano), podemos perceber muitas vantagens na moda digital, que efetivamente gera menos resíduos e impactos ao meio ambiente, podendo ajudar na diminuição de resíduos no mundo real.

Como o Metaverso pode ajudar na Sustentabilidade do Varejo?

O varejo tem diversos desafios de sustentabilidade e o Metaverso pode ajudar a reduzir o impacto de alguns deles. Hoje, um a cada três itens de moda comprados são devolvidos. Essas devoluções precisam ser transportadas e processadas com custo de triagem para cada item e a operação para devolvê-lo ao estoque, que muitas vezes excede o lucro do varejista. Além disso, parte desses produtos devolvidos acabam “encalhando” e sendo descartada em aterros sanitários. Qualquer organização que consiga solucionar esse problema será mais sustentável e gerará uma economia. Por isso, diversos varejistas como Ikea e Sephora, por exemplo, já estão trabalhando com soluções e muitas delas passam pelo Metaverso e tecnologias como Realidade Aumentada e Inteligência artificial. No vídeo abaixo vemos como o app facilita a escolha do produto, permitindo experimentação e experiência ajudando na assertividade da compra.

App Sephora com AR

Marcas Sustentáveis

Marcas com práticas e padrões éticos estão trazendo suas comunidades para o Metaverso, estabelecendo as bases para o varejo e a moda conscientes no mundo digital. Por exemplo, a Coalisão internacional contra o uso de peles de animais (IAFC), o Instituto de Moda da Universidade de Westminster e a Hexaware Technologies estão juntas no Metaverso fazendo uma campanha contra o uso de peles de animais em roupas físicas. Esse projeto, chamado de UNFUR, criará itens digitais de moda de peles como NFTs para serem vendidos como parte de uma campanha maior que visa aumentar a conscientização sobre o comércio de peles e promover alternativas sustentáveis ​​para esses artigos. As receitas das vendas dessas NFTs combaterão o comércio de peles.

“O projeto UNFUR intencionalmente traz tensão entre comprar uma peça de moda digital de pele (porque é considerada bonita) enquanto você está ciente de que isso não deve ser comprados no mundo físico. Usamos essa dualidade como um gatilho para levar o público a licitar um dos NFTs UNFUR e, assim, apoiar a luta contra a indústria de peles.”

Paul van Raak, Diretor de Criação da Mobiquity

NFTs de pele

A Rens, uma marca finlandesa de tênis sustentável, fabricado com café e plástico reciclado, entrou no Metaverso em abril com NFTs de edição limitada para marcar o lançamento do seu novo produto, um moletom, focando em uma estratégia phygital. A coleção de NFTs incluirá uma variedade de produtos que poderão ser comprados com criptomoeda.

“Continuamos nossa missão de promover a moda sustentável por meio de tecnologia e inovação. O lançamento de nossa edição limitada exclusiva de NFTs juntamente com nossa Coleção de Moletom Elemental mostra como somos capazes de impulsionar a inovação tanto no espaço físico quanto no digital simultaneamente, ao mesmo tempo em que desenvolvemos nossas credenciais de sustentabilidade. Acreditamos sinceramente que este é apenas o começo de uma revolução metafísica na moda sustentável e temos ambições de ver os produtos Rens em todos os cantos do mundo real e do Metaverso.”

Jesse Tran, CEO e cofundador da Rens

A visão da marca é fornecer wearables de moda sustentável que sejam legais e ousados ​​para a genZ, não importando se estão no mundo real ou no Metaverso. Os produtos físicos continuam sendo projetados e produzidos combinando materiais orgânicos baseados em resíduos e os wearables digitais serão criados nas tecnologias blockchain mais verdes. A empresa acredita que fazer parte do Metaverso não apenas permitirá que a comunidade desfrute da marca em qualquer mundo, mas também criar consciência no mundo virtual e trazer de volta ao mundo real para resolver problemas reais, como questões ambientais e sociais.

NFT Rens Moletom

Na sua mais recente campanha, ‘Metaverse Like Us’, a marca de beleza Clinique, convidou três artistas – Tess Daly, Sheika Daley e Emira D’Spain – para criar looks de maquiagem NFT que estarão disponíveis para comunidade de avatar “Non Fungible People” que é uma coleção de 8888 NFTs hiper-realistas que representam mulheres e pessoas não-binárias. 60% retratam pessoas não brancas e 20% representam pessoas com dificuldade de mobilidade, perda de audição, síndrome de Down e vitiligo. Aqui fica a lembrança de que, quando falamos em sustentabilidade não nos referimos somente ao meio ambiente, mas também a pessoas e ao seu aspecto social, tendo como propósito melhorar a qualidade de vida, o respeito ao próximo e a igualdade de gênero, classe e cor. Se sentir representado e incluído, faz parte disso. 🙂

Ao mesmo tempo que estamos vivendo a expansão do Metaverso, ainda temos muitas dúvidas de como será a adesão pela população. Fica o questionamento se esse ambiente será desenvolvido de forma justa, dando acesso a todas as pessoas. Afinal, parte da população ainda não tem acesso à internet de qualidade e muito menos aos devices que são necessários para uma experiência imersiva completa. Por isso, ações como a da Clinique citadas acima são super importantes no sentido de representatividade da população nesse universo.

Para fechar a conversa por hoje, concluímos que as práticas éticas e sustentáveis não devem parar no mundo físico. À medida que os consumidores trouxerem seus padrões ​​para o mundo virtual, as marcas deverão cada vez mais refletir essas atitudes em suas estratégias, planejamentos e produtos. Afinal, esses mundos precisam estar em equilíbrio e simbiose para existirem de forma correta, justa e inclusiva.

Curiosa, inventora de receitas que nem sempre dão certo, apaixonada por vitrines e leitora voraz. Se quiser uma dica de livro, me pergunte!
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